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    quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

    O primeiro carteiro morreu duma sífilis que se constipou

    (Onde se lê B ou b deve ler-se V ou v; O x deve ler-se por ch)

    O PRIMEIRO CARTEIRO MORREU DUMA SÍFILIS QUE SE CONSTIPOU:
    O Sebastião beu (veio) pelo casamento binha fazer o correio e lá começou…, o Sebastião fez o correio muito tempo! E o tal cunhado, depois ficou o irmão mais nobo quera o Manel que mancaba um pouquito, tinha a perna mais curta… (até 1958).
    O Sebastião ficou a faze-lo muito tempo, já o pai do Sebastião fazia o correio, estebe na mão dele mais quantos anos a mãe do Sebastião era padeira cozia pão, lá os fartaba de pão, mas eram pobres, o pai do Sebastião era um magrito, ainda conheci o pai dele primeiro conheci o pai no correio, uma bez binha-mos da escola, dó pé de casa do Adão (Ano de construção 1739), ali pelas alminhas da padaria e passa o carteiro e nós:
    -Ó carteiro! que horas são?
    -Falta dez reis pra um testão.
    -E, não nos disse as horas.
    O carteiro depois beu por Toubes, por i já binha pra baixo, depois beu um trobão grande e antes de xegar a toubres, da Aboleira, há um regatixo quaisquer beu o trobão grande! E ele ia nessa altura e deixou cair a mala pela auga depois andou a procurar a mala na auga foi dali que morreu…
     
    (…)

    - A responsabilidade era grande! Perder o correio podia dar até prisão.
    Naquele tempo, tal como hoje de forma diferente, o correio era peça importante de controlo da comunidade, não era carteiro quem queria mas quem o poder escolhia, mesmo assim, os sacos do correio tinham uma chave contra violação, em cada ponto de recolha havia uma chave que abria o seu saco, e só esse, saco que era fechado e lacrado com um selo anti-intrusão de papel. O carteiro não se atreveria mas qualquer tentativa era detetada na primeira verificação. Até podia haver quem abrisse as cartas mas nunca o carteiro.
    “A mala tinha uma grande fechadura em cobre e uma correia em volta que essa correia entrava dentro de um gancho de ferro, … então entrava, dentro, como um cinto como as presilhas dumas calças mas eram em ferro e vinha cair sobre o fecho da mala que se abria como quem abre … em duas partes a correia passava por dentro desse fecho, havia uma etiqueta que se punha por cima da correia e fechava-se dum soco aquilo fechava-se e depois era preciso uma chave para abrir mas essa etiqueta, esse papel que tinha os CTT não podia ser violado tinha que chegar intacto porque senão era sinal que a mala tinha sido aberta e só a chave, é que furava esse papel era um papel para mostrar que se estivesse roto tinha sido violado.”
    Mas adiante, vamos continuar a homenagear os carteiros que eram rios de coisas, como iremos ver, e que tinham que correr sem olhar à meteorologia.
     
    (…)

    …Apanhou, o pai morreu disso, era belhote mas foi porque ele andaba porbable com uma galiqueira, (Sífiles) doença que se apanha em mulheres podres, mas disque se a gente se servir com uma rapariga noba passa pra ela e a gente fica bô, naquele tempo habia muita coisa disso habia raparigas que caiam naquilo aparciam numa terra quaisquer com os rapazes num panheiro à noite apanhabam lá cada ruada, … meteu-se à auga e morreu, isso disse-mo o Sebastião, essa dança, mas eu ainda o conheci era magrito, da altura do Sebastião mas mais magro, pro bisto andar de traz de procurar a mala, a pular o ribeiresco um trobão grande! Que andara na auga pra trás e pra dente que pro bisto andaba mal que morrera disso… (cont.)
     Dinis Serôdio Lopes Costa
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    2 comentários:

    1. Crenças recorrentes nas profundezas das mentes:
      Constata-se a dado passo, nas palavras do informante, a ideia do puro, o imaculada, o limpo, no confronto com o impuro, o sujo, e ainda a crença de que o contacto com o puro limpa a mácula por apropriação da maleita.

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    2. ERA BEM QUE SE DIVULGA-SE O DIALETO QUE OS NOSSOS AVOS FALAVAM AINDA ME RECORDO DE MUITAS FRAZES E PALAVRAS PORQUE NAO FAZER UM LIVRO PARA FICAR PARA A POSTERIDADE

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