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    sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

    O Lugar que nos fez assim!


    “Doze bairros semeados/ … (onze encostas soalheiras) …Por nossos antepassados./És ponte entre o quente e o frio,/Tens culturas do Inverno e culturas do estio.”
    Onde fica Jou!? Pergunta recorrente que cada um coloca a si próprio e, me vão colocando quando por lá ando a aprender com todos.
    A resposta Maior
    Jou fica em Cimo de Vila. (Nem sempre foi assim, mas não podemos esquecer que durante décadas os símbolos do poder e comunicação estiveram entre as mesmas paredes: Padre, Professora e Comerciante com correio – local por onde a informação local passava e se reconfigurava).
    Esta resposta é a administrativa sempre que há um documento que refere Jou como um espaço geográfico circunscrito. A resposta pode ser confirmada pelo código postal e nos editais do ministério da agricultura.
    Assim, a resposta está dada e o assunto encerrado definitivamente. Não! Não, porque a nossa realidade é de facto peculiar, quase única, diria. É que para além do reconhecimento administrativo também há o reconhecimento de quem reconhece. O reconhecimento de quem nomeia vai-nos referindo um espaço mais alargado até um pouco difuso mas que engloba o edificado que fica na linha da estrada obrigatoriamente, entenda-se Cimo de Vila e Freiria. Por exemplo os de Toubres, e até Serapicos, se vão à Aboleira, não dizem que vão a Jou --situação que pode vir a mudar com a ligação direta que foi feita entre os dois bairros. Os do Castelo se vierem só à Aboleira também não dizem que foram a Jou. “Eu casei na Aboleira” e não eu casei em Jou. Os de Vale de Égua dizem que vêm a Jou se vêm a Cimo de Vila, mas se vierem à Freiria também dizem que “vêm a Jou à missa”. Mas os de Penabeice ou Mascanho se vêm ao Banho já dizem que vêm a Jou: como que o Banho seja Jou ou, se não foram a Jou foi porque não quiseram!
    Mas à pergunta:
    - Trouxeste o que eu te pedi?
    Respondem:
    “ Esqueci-me, só estive no Banho e birei logo para tràs, não fui a Jou”.
    Mas se estiverem a referir-se a outrem dizem sempre foi para Jou desde que esse alguém tenha ido para qualquer um dos bairros do grupo central mesmo que seja Aboleira. As pessoas que vivem no grupo central consideram que pertencem a Jou pois quando vão a um qualquer bairro do grupo central dizem o nome do bairro. A não ser que digam o fim que as leva lá: Vou á missa, vou á feira, vou ao Toural e atualmente vou ao café.
    Assim, verifica-se que, se o espaço é nomeado de muito longe alarga-se, e todos os bairros da freguesia são Jou é a nossa pertença próxima maior.
    Se por outro lado o espaço é nomeado de longe, mas na periferia da anterior pertença, há um Jou elástico, todos os bairros, do grupo central, podem ser entendidos como Jou.
    Mas se Jou é em Cimo-de Vila porque é que os de Cimo-de Vila não dizem que são de Jou e dizem que são de Cimo-de Vila? A resposta está nos genes, já vem da “municipalidade medieva” e as pessoas sonham, e sabem, -- são aquelas coisas que as pessoas sabem sem o saber, porque está nas profundezas-- que só um bairro é muito pouco e todos juntos, em momentos de maior prosperidade e afirmação sonharam, sonham e sonharão, em ser vila. Os lugares são as pessoas e se as pessoas têm desejos os lugares são pensados: Até já houve demagogos que numa campanha eleitoral autárquica (risos) acenaram com essa realização mas os tempos tendem para se perder até a freguesia, só o útero de mulheres férteis e seu desejo --deles e delas, que merecem apoios--nos podem salvar.

    Por isso, se alguém de fora perguntar:
    - Mas, afinal onde é que fica Jou?
    A melhor resposta é:
    -Jou somos nós! Nós! Os jouenses! Ou, Joanenses se à sombra da nossa ribeira, de Joanes, que em nós corre.
    Reforçando: Jou, mais que um lugar geográfico, é uma pertença sentida, pois somos nós que fazemos esse espaço geográfico.
    Mas se mesmo assim eles estiverem retinentes por só compreenderem a materialidade digam-lhes:
    -Vão tirar uma fotografia ao marco geodésico, que fica perto do Castelo, que é o delta de JOU e já tendes um espaço limitado com esse nome: (Dinis Serôdio Lopes da costa (06-07-2005 - 09:23:46 PM) Jou é mais do que um lugar, uma localidade, uma área geográfica. Jou é, por isso, uma pertença de afetos de pertença, daqueles que dizem ser de tal lugar. Mais que um ser, é um sentir de partilha nostálgica, plena se ausência e saudade. De quem vive num local próximo: repleto de distância e sente um local distante repleto de proximidade a nossa terra natal - Jou.)

    (mo Janeiro 2014— Votos de BOM ANO)

    Por Dinis Costa
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