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    sábado, 25 de dezembro de 2004

    “Viver sem diferenças”

    A vida só tem sentido, se a vivermos em comunidade. É no dia-a-dia, em pequenas situações, que aprendemos a valorizar os outros.

    Estava eu sentada confortavelmente junto à lareira, na cozinha, a ouvir as notícias que estavam a passar na televisão. Numa das reportagens apresentadas, falava da rejeição de crianças de etnia cigana na escola.
    Ao ver este cenário, questionei-me a mim própria, como isto pode ser possível em pleno século XXI, num mundo que se diz civilizado?
    Afinal a ciência evoluiu, mas a mente humana não. Ainda continuam a haver situações de exclusão social. No entanto aos olhos de Deus somos todos iguais, sejamos de pele branca, preta, amarela, vermelha...
    No concelho de Murça a exclusão social não é muito sentida, pessoas de raça branca convivem amigavelmente com a raça negra ou de etnia cigana, talvez porque são pessoas pacíficas que não causam problemas. Para verificar esta realidade do concelho de Murça, mais precisamente na freguesia de Jou, decidi entrevistar alguém de etnia cigana.
    Maria da Luz Paco, tem 34 anos de idade, é solteira, mãe de dois filhos, reside no bairro da Granja, na freguesia de Jou. Maria Paco e os seus filhos de etnia cigana, não sofreram grandes dificuldades em se integrarem na freguesia de Jou, até se consideram “filhos da terra”. São muito bem aceites pela população, como se eles fossem da sua raça.

    JOUENSE: Há quantos anos reside na freguesia de Jou?
    Maria Paco: Resido há dez anos.
    J: Como a receberam as pessoas na freguesia de Jou?
    M.P: Felizmente, receberam-me bem.
    J: Como é a sua relação com os vizinhos?
    M.P: Relaciono-me muito bem, nunca surgiu qualquer tipo de conflito.
    J: Os seus filhos andam na escola?
    M.P: Sim.
    J: Quando os seus filhos entraram para a escola, as crianças e os pais como reagiram?
    M.P: Reagiram bem, sempre trataram os meus filhos com amizade.
    J: Alguma vez a trataram de maneira diferente por ser de etnia cigana?
    M.P: Nunca fui descriminada por ninguém.
    J: Sente-se integrada na vida social da freguesia de Jou?
    M.P: Sim, já moro aqui há dez anos. Estou habituada a conviver com toda a gente e sinto-me bem nesta freguesia.
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