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    sexta-feira, 11 de março de 2005

    A Páscoa como significante com vários significados

    A Páscoa aparece como termo aliado à vida, e como tal é considerada a festa da Primavera.
    Tal como as árvores “adormecem” e parecem atingir um estado de morbidez durante todo o Inverno, adquirindo nova vida na Primavera, também a Páscoa surge no fim da Quaresma, tempo de preparação para a Ressurreição de Jesus Cristo.

    Diz o Poeta Miguel Torga: “ – Dia de Ramos. Como o catolicismo soube aproveitar as estações da natureza!...
    Vim acabar o dia da Ressurreição nesta cama de xisto. Fugi de S. Martinho, do seio morno da família, fugi de Vila Real, do coração cívico da província, e de Amarante, da alegria enforcada do Minho, e tanto bati a esta porta, que se me abriu... – Chove torrencialmente, o vento parece o demónio a uivar, e o nevoeiro apertou o casaco... Células que se multiplicaram e petrificaram anarquicamente, revolucionariamente, e que, sendo a morte, são ao mesmo tempo a suprema libertação e o supremo triunfo do corpo.”
    A Páscoa significa parao Povo de Israel como a “Pessah”, passagem da escravidão do Egipto para a libertação da Terra Prometida, depois de quarenta anos a caminhar no deserto, primeiro sob a liderança de Moisés e depois sobre a chefia de Aarão, irmão de Moisés.
    Ainda hoje, os Judeus celebram a sua Páscoa, matando um cordeiro ou cabrito, macho, sem defeito, com um ano de idade, e imolando-o, preparando-o com ervas amargas e acompanhando-o com pães ázimos (pães sem fermento).
    A Páscoa Cristã reveste-se de um significado diferente, na medida em que celebramos a passagem da morte à vida, na pessoa de Jesus Cristo: Jesus, Homem Bom, tendo passado por este mundo, curando muitos enfermos, realizando vários milagres, convertendo muita gente, foi depois acusado pelo poder político romano de subversivo, e pelo poder religioso de Israel, de infractor da Lei, tendo sido condenado por ter feito um milagre ao sábado, dia santo judaico.

    Hoje, nós começamos a preparação para a Páscoa em Quarta-feira de Cinzas e durante quarenta dias preparamo-nos com jejum, abstinência, oração mais intensa e a celebração do Sacramento da Reconciliação (Confissão), rumo à Páscoa da Ressurreição, onde com a Visita Pascal, com a celebração da Eucaristia, mais abrilhantada com cânticos mais alegres, com flores, frutos típicos desta época (laranjas) e folar, celebramos a vida cósmica que nos envolve, a vida humana renascida e a Ressurreição do Senhor Jesus Cristo.

    Pe. José Amílcar C. Sequeira
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