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    segunda-feira, 9 de julho de 2012

    A FEIRA - O largo do Toural estava testo, (II)

    - Havia uma pobre mulher que tinha uma rica leitoa, um primor, um mimo de leitoa é que ela era! Grande, de boas crecenças, bonita mesmo! Às vezes os pobres tinham essa sorte. Não queria vender de maneira nenhuma tinha criado com todo o cuidado: Ele era mimos mais prá quela! Pois isso! Farelos, grão cozido, uma maxeiinha, probable!...

    - Mas, a reca tinha tido uma ninhada e como já estavam grandes e davam despesa e fazia falta algum dinheiro, quer dezer tem que se vender depois de um certo tempo, pensaram em levar prá feira e lá foi a ninhada. Como sabe os leitões usam sempre a mesma teta e elas há umas que dão mais leite do que outras quer dezer, há uns sempre mais fracos; as duas tetas traseiras são mais fraquixas….

    - Também há porcas que parem uma ninhada maior que as tetas!

    - É berdade! Usava-se uma cabra...Como a mulher estaba parida dá pouco, foi o home ao Toiral. Porque na benda dos recos as mulheres tinham sempre uma palavra, elas é que punham e disponham no gado miúdo, dabam o risco! Para enfeitar a ninhada e probable para dizer que tratava bem e, também, para que ela não ficasse em casa a roncar, também podia ser por isso! Era um regalo de ver, foi tocada também à feira, mas a mulher recomendou mais que uma vez:

    - Ó home bê lá ouve o que eu te digo! Tu não me vendas a leitoa, essa não é pra bender. Não bendas a leitoa por dinheiro nenhum repetia, que eu quero fazer dela a melhor reca da freguesia. Queria fazer um figurão probable! ….

    - Sabe que os recos são teimosos que nem burros! Quer dezer, são como recos! Tocar um reco sozinho à feira é uma carga de trabalhos, já imaginou que antigamente tocava-se os recos à feira de Carrazedo, Santa Maria e Murça tudo a pé pois, naqueles tempos, não habia carros nem estrada ainda... Enquanto estão perto de casa são uns matreiros teimosos: fazem que andam para a frente e depois baixam o focinho e alá ó pra trás. Dois é mais fácil, vão-se enganando com uma folha de coube ou uma manxeia de grau à frente, e amparam-se com a palma da mão ou com uma fronça de gesta (giesta) atrás pois, não se lhe pode bater que eles são mimosos e, pra ir à feira até se limpavam bem limpinhos…até se penteabam com a ponta de uma carqueija!

    - Quando eram pequenos era mais fácil, metiam-se dentro duma saca belha. Está a comprender porquê!? E, depois dentro dos alforges um de cada lado com o focinho de fora para respirarem., ou até dois um a olhar para a frente outro paras tás, quer dizer quatro dois de cada lado… E bilhão de burro!

    - Os réquitos pequenos são engraçados! Que diz!?

    - É verdade! Tudo que é pequeno é engraçado! Mas, ainda se lembra do resto da história?

    - Lembra! Lembra! Então foi assim: O homem lá foi à feira, a feira dos recos era só pela manhã porque eles também não podem apanhar sol, como agora as moças na praia e, também não estão quietos tem que se lhe espalhar um pouco de centeio para os entreter, prái uma quarta, por feira, se for uma ninhada grande. Quando a caminhada era grande era o contrário deitavam-se, estavam piados, quer dezer pisados das patas. Quem queria vender bem tinha que os por em pé para parecerem bem, depois de negócio feito já não importava.
    Quando a feira era longe se não se bendem é uma estopada do catano! Tinham que se bender mesmo, nem que fosse por menos…
    -Ah! A história! A história é simples, mas foi uma embrulhada feia, …. (Continua) * Transcrito/publicado de acordo coa a recolha (gravação) para manter o encanto.

    por Dinis Costa
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