Às vezes a vida “prega-nos partidas” com as quais não contávamos
Neste mundo de saúde e doença, de bem e mal estar, existem pessoas que constantemente se interrogam: porque sou deficiente? Que mal fiz eu para nascer deficiente? Que mal fiz eu para ter um acidente e ficar deficiente?
Este é um problema grave que tem consequências não só ao nível físico como também ao nível psicológico. Uma pessoa que é deficiente não lhe é fácil aceitar com naturalidade a sua deficiência.
Os deficientes, por vezes, ainda são vistos pela sociedade como pessoas inúteis, sofrendo pela discriminação.
Para o deficiente, encarar a sua própria deficiência sabendo as suas capacidades estão limitadas já é tarefa difícil, mas pior ficam psicologicamente quando ainda são des-criminados pela sociedade.
Para sabermos quais as dificuldades e sentimentos vividos por alguém que é deficiente, nada melhor que falarmos com uma pessoa que vive diariamente com esse problema.
De entre as várias pessoas deficientes na freguesia de Jou falamos com uma senhora deficiente Motora.
Alice dos Anjos Barreira, viúva, tem sessenta e dois anos de idade, reside no bairro da Granja.
JOUENSE: Desde quando é que a D. Alice é deficiente?
Alice Barreira: Desde treze de Agosto do ano de 1995. Já vai fazer dez anos.
J: Qual o motivo que provocou a sua deficiência?
AB: Foi um veículo ligeiro que embateu contra mim na berma da estrada.
J: Qual (ais) a (s) con-sequência (s) desse acidente?
AB: O acidente provocou-me a fractura da bacia e de oito costelas, ferimentos graves num pé, mas o mais grave de tudo foi a amputação de parte da perna direita.
J: É capaz de conseguir descrever o que sentiu quando se apercebeu que lhe tinham amputado parte da perna?
AB: É difícil descrever o que senti, quando descobri através de uma empregada do hospital ainda me encontrava com o efeito da anestesia, mas quando me deparei com a realidade fiquei extremamente triste, revoltada e inconformada.
J: Como conseguiu ultrapassar todo esse mal estar psicológico?
AB: Com a minha coragem, com minha força, com a ajuda dos meus filhos, amigos e vizinhos.
J: Alguma vez se sentiu descriminada?
AB: Eu pessoalmente não, até porque ainda consigo movimentar-me com a ajuda de uma prótese. Mas em encontros com outros deficientes, os que utilizavam como meio de deslocação a cadeira de rodas, queixavam-se da falta de acessos aos serviços públicos. Acho que isso indirectamente é uma
discriminação.
J: Como última questão pergunto-lhe: Depois destes quase dez anos que já passaram como se sente actualmente?
AB: Agora sinto-me mais conformada, mais sensível o que me tornou consequentemente numa pessoa mais nervosa. Mas a tristeza ainda me persegue divido ao sofrimento que passo, no entanto já consigo sorrir.
Cristina Serôdio
Neste mundo de saúde e doença, de bem e mal estar, existem pessoas que constantemente se interrogam: porque sou deficiente? Que mal fiz eu para nascer deficiente? Que mal fiz eu para ter um acidente e ficar deficiente?
Este é um problema grave que tem consequências não só ao nível físico como também ao nível psicológico. Uma pessoa que é deficiente não lhe é fácil aceitar com naturalidade a sua deficiência.
Os deficientes, por vezes, ainda são vistos pela sociedade como pessoas inúteis, sofrendo pela discriminação.
Para o deficiente, encarar a sua própria deficiência sabendo as suas capacidades estão limitadas já é tarefa difícil, mas pior ficam psicologicamente quando ainda são des-criminados pela sociedade.
Para sabermos quais as dificuldades e sentimentos vividos por alguém que é deficiente, nada melhor que falarmos com uma pessoa que vive diariamente com esse problema.
De entre as várias pessoas deficientes na freguesia de Jou falamos com uma senhora deficiente Motora.
Alice dos Anjos Barreira, viúva, tem sessenta e dois anos de idade, reside no bairro da Granja.
JOUENSE: Desde quando é que a D. Alice é deficiente?
Alice Barreira: Desde treze de Agosto do ano de 1995. Já vai fazer dez anos.
J: Qual o motivo que provocou a sua deficiência?
AB: Foi um veículo ligeiro que embateu contra mim na berma da estrada.
J: Qual (ais) a (s) con-sequência (s) desse acidente?
AB: O acidente provocou-me a fractura da bacia e de oito costelas, ferimentos graves num pé, mas o mais grave de tudo foi a amputação de parte da perna direita.
J: É capaz de conseguir descrever o que sentiu quando se apercebeu que lhe tinham amputado parte da perna?
AB: É difícil descrever o que senti, quando descobri através de uma empregada do hospital ainda me encontrava com o efeito da anestesia, mas quando me deparei com a realidade fiquei extremamente triste, revoltada e inconformada.
J: Como conseguiu ultrapassar todo esse mal estar psicológico?
AB: Com a minha coragem, com minha força, com a ajuda dos meus filhos, amigos e vizinhos.
J: Alguma vez se sentiu descriminada?
AB: Eu pessoalmente não, até porque ainda consigo movimentar-me com a ajuda de uma prótese. Mas em encontros com outros deficientes, os que utilizavam como meio de deslocação a cadeira de rodas, queixavam-se da falta de acessos aos serviços públicos. Acho que isso indirectamente é uma
discriminação.
J: Como última questão pergunto-lhe: Depois destes quase dez anos que já passaram como se sente actualmente?
AB: Agora sinto-me mais conformada, mais sensível o que me tornou consequentemente numa pessoa mais nervosa. Mas a tristeza ainda me persegue divido ao sofrimento que passo, no entanto já consigo sorrir.
Cristina Serôdio
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