Depois da vitória expressiva com a maioria absoluta nas últimas eleições Autárquicas de 2009, Carlos Silva, Presidente da Junta de Freguesia de Jou, referenciou ao TERRAS DE JOU os pontos que norteiam a actuação do executivo que lidera. Em formato de grande entrevista, o autarca de Jou explica a forma como tem gerido os destinos da freguesia, focando aspectos do seu programa para a sua comunidade durante o seu mandato.
A rede viária na freguesia, a falta de equipamentos sociais, o apoio a colectividades, o saneamento básico e a relação da Autarquia com a escola, são itens que Carlos Silva analisa.
Terras de Jou (TJ): Qual é o balanço que faz do seu mandato, até ao momento?
Carlos Silva: É um balanço altamente positivo em relação a tudo aquilo que viemos encontrar, pois deparamo-nos com uma junta de freguesia endividada e com problemas na justiça por resolver. A nossa primeira preocupação foi identificar esses problemas com as respectivas instituições competentes. No entanto, para regularizamos essas situações, a Junta de Freguesia de Jou está a ser penalizada todos os meses, com o pagamento da importância de 500 euros, uma despesa que teremos de suportar até ao ano 2012.
Pagamos as dívidas existentes aos fornecedores e neste momento podemos dizer que a autarquia está de contas saldadas, apesar de não termos dinheiro, estamos a cumprir os objectivos determinados pelo nosso executivo.
Também o plano de actividades do ano 2010 foi totalmente executado, aliás até fizemos mais algumas coisas do que aquilo que inicialmente estava previsto, um sinal do empenhamento de todos os membros desta junta, pois temos colocado em primeiro lugar o trabalho e a honestidade ao serviço da população da freguesia.
Face a problemas existentes e herdados do passado, actualmente os membros do executivo não utilizam os meios de comunicação da junta de freguesia, temos reduzido ao máximo os consumos para podermos fazer aquilo que temos feito.
TJ: Quais os projectos e obras que o executivo tem em andamento?
Carlos Silva: Construímos um armazém anexo à junta onde guardamos a nossa viatura e alguns bens. Pavimentou-se e deu-se uma nova imagem à parte frontal do edifício sede da junta de freguesia. Fizemos ainda o alargamento de uma rua em Aboleira com a colocação de paralelo e a construção de um sumidouro de água, obra onde contamos com o apoio da Câmara Municipal. Adquirimos ainda um terreno para a construção da futura Casa Mortuária em Toubres. Também nesta localidade vamos a curto prazo retirar umas escadas na rua central, uma pretensão antiga das pessoas, visto que estas impedem a circulação de alguns meios de transporte, como por exemplo meios de socorro como uma viatura de bombeiros. Fizemos alguns trabalhos de recuperação na praia fluvial de Penabeice e estamos a planear urbanizar este espaço, contamos para isso com o apoio camarário. A nossa ideia é transformar a praia fluvial de Penabeice num parque de lazer da freguesia, para isso a junta já abriu um acesso para a margem direita do rio que estava inacessível. Estamos a fazer esforços para se construírem uns balneária nesta praia, uma pretensão que desejaríamos ver executada antes do início da época balnear ou ainda este ano. Também nesta localidade iniciamos o alargamento de um largo com a demolição de duas casas.
As ruas da freguesia nunca estiveram tão limpas como agora, este é um ponto de honra que assumi-mos desde a primeira hora. Este ano fomos já a todos os lugares da freguesia, mais populacionais ou menos, distribuímos herbicida em todos esses locais. O nosso projecto está a andar é certo que gostaríamos de fazer mais, mas é o possível.
TJ: Fale-nos da relação da Junta de Freguesia com a população.
Carlos Silva : Tenho que agradecer às pessoas, não nasci nesta terra mas foi aqui que me estabeleci para passar o resto da minha vida, gosto de Trás-os-Montes em particular desta região. Considero que na vida, temos que ser honestos, frontais e trabalhadores, só assim nos é possível atingir um determinado objectivo. Foi assim que me propus na última campanha eleitoral das autárquicas e estamos aqui para servir toda a população.
Para muita gente foi surpresa termos ganho as eleições, mas para nós não. Sabíamos que a população desejava uma mudança, as pessoas vinham falar connosco, não foi necessário andar-mos de porta em porta. Havia um descontentamento geral da forma como a junta de freguesia era gerida, pois nos últimos anos fomos uma freguesia sacrificada.
TJ: Quais as suas principais preocupações actualmente?
Carlos Silva : A desertificação. A nossa freguesia já teve mais população do que a sede de concelho, no entanto temos perdido muita população. Temos verificado que de todas as freguesias do concelho, Jou foi perdendo porque se foi desertificando. Não houve das instâncias competentes o apoio para se estancar a hemorragia que se deu e continua-se a dar. Quanto a mim, ultimamente foi dada uma machadada que vai contribuir para esta desertificação, nunca fui contra a evolução dos meios tecnológicos, e dos meios que se colocam ao dispor das crianças. Jou não merecia ter ficado sem as suas escolas. Temos um parque escolar onde poderia ter sido instalado um Centro Escolar das Terra da Montanha. Teríamos que adequar o espaço para que as nossas crianças tivessem as mesmas condições que agora têm em Murça, pois com este afastamento considero que as crianças não vão ter tanto apego a sua terra.
TJ: Apesar de Jou revelar altos índices de população idosa, não existe nenhum equipamento de apoio social na freguesia?
Carlos Silva: Houve no passado responsáveis políticos na Junta de Freguesia que foram os únicos culpados do lar de terceira idade não ter sido já construído em Jou. É lamentável como se atingiram situações quando estava tudo preparado para se arrancar com o lar na freguesia e foram contrariados por má gestão, má vontade ou por outras coisas que não interessa estar a divulgar. Apesar dos esforços e empenho da Santa Casa da Misericórdia de Murça e toda a dedicação do seu provedor, foi um projecto que foi para o lixo pois quando a infra-estrutura deveria ter sido construída, não havia terreno para o implementar. Na altura a Câmara de Murça disponibilizou verbas para a aquisição do referido terreno, mas por desleixo do ex-presidente da junta de freguesia isso não aconteceu na altura certa. O projecto inicial do Lar de Jou era exactamente igual àquele que foi construído em Candedo. O registo do terreno só aconteceu em 2004, altura em que o prazo do concurso do lar já tinha terminado. Depois de todos esses imprevistos, a candidatura sofreu alterações mas continua lá, ainda não tivemos a felicidade de até à data a ver aprovada. Tem havido contactos por parte da Câmara Municipal e da Segurança Social para tentar desbloquear a situação.
Jou foi das primeiras freguesias do concelho a pretender ter um lar, mas os políticos locais não se entenderam.
TJ: O seu executivo tem apoiado a cultura e as colectividades locais?
Carlos Silva: Há uns anos era impensável pensar que em Jou hoje houvesse uma associação cultural e desportiva com um edifício sede como tem a nossa associação em Jou. Foi o empenho político do actual executivo da Câmara Municipal de Murça com a dedicação da sua direcção que trouxe este equipamento cultural e social para a freguesia. A autarquia de Murça soube aproveitar a oportunidade de ter gente responsável em obras desta natureza, igualmente o interesse e a colaboração de gente desta terra que gratuitamente elaboraram parte daquele projecto desta obra. Em Jou nem tudo é mau. Há pessoas boas que têm que ser dinamizadas e acarinhadas que não se podem dividir pela política.
Este executivo traçou no seu percurso o apoio a todas as colectividades da freguesia, inclusive todas as comissões de festas que existem, desde que estas apresentem projectos que possamos apoiar. Estamos quase proibidos de atribuir subsídios seja de que forma for, não temos grandes meios financeiros para distribuirmos, pois os meios que temos são para sustentar praticamente a nossa actividade interna. Não podemos apoiar colectividades que não tenham rentabilidade. Em cada projecto que nos seja apresentado temos o cuidado de o analisar para podermos, se tivermos disponibilidade apoia-lo, é essa a nossa obrigação apoiar com mais ou menos força.
Quando chegamos ao executivo deparamo-nos com alguns problemas no que respeita a esta parte, a anterior junta tinha prometido à paróquia apoio financeiro para a recuperação do altar-mor da Igreja Matriz, não cumprir com o prometido, esqueceu-se, deixou a comissão fabriqueira e principalmente o nosso pároco numa situação embaraçosa. Quando nos foi colocado o problema pela comissão fabriqueira, apesar das nossas limitações financeiras, vimos a necessidade de apoiar a paróquia, já apoiamos por duas vezes. No entanto aguarde-mos que outras instituições sigam o exemplo da junta de freguesia, pois a paroquia só vive de donativos e esmolas.
TJ: Na área das acessibilidades, que outras obras gostaria de concretizar?
Carlos Silva: Tem sido uma luta diária a minha insistência com a Câmara Municipal para encontra-mos uma solução a curto prazo para a estrada 314, as estradas de Penabeice, Mascanho e Castelo. A nossa freguesia tem um conjunto de infra-estruturas degradadas, somos uma freguesia totalmente esquecida. Nos últimos oito anos o actual executivo camarário fez algumas obras, os passeios da estrada 314, a pavimentação de algumas ruas, entre outras.
Jou é muito extenso e por isso temos uma gestão de freguesia muito complicada. Tenho a esperança de que a estrada 314 e a de Penabeice sejam requalificadas ainda com a actual Câmara.
Uma outra preocupação prende-se com a falta de saneamento básico em cerca de 40% da freguesia. As infoestruturas criadas estão obsoletas ou não funcionam. Continuamos a lutar por esta concretização de toda a freguesia ser dotada de saneamento básico.
A terminar a conversa com o TERRAS DE JOU, Carlos Silva lamentou que foi pena ter chegado à junta de freguesia numa altura destas. O autarca espera que mesmo em dificuldades em em prol desta gente se faça alguma coisa pela gente de Jou.
Foram focados alguns problemas da nossa freguesia.
ResponderEliminarMas com mais união da parte de todos tudo pode ser posssivel...
"Em Jou nem tudo é mau"
É um facto "em Jou nem tudo é mau".
ResponderEliminarTemos pessoas capazes de dinamizar a nossa freguesia, mas no entanto não o fazem.
Relativamente a este trabalho jornalístico de valor acrescentado gostaria que o sr. presidente da junta de freguesia tivesse falado mais temas como por exemplo:
- o que vai fazer às escolas fechadas?
- quais os projectos que vai promover para segurar os jovens na freguesia?
Enfim, tantas outras
Gostei da reportagem e já agora parabéns pelo site que está um espectáculo.
ResponderEliminarSou da vizinha freguesia de Curros e foi com bastante agrado que descobri o terras de jou. Dou as minhas felicitações ao sr presidente da junta de freguesia pela entrevista.
No entanto uma freguesia só avança com trabalho, palavras leva-as o vento.
Conheço bem jou pois passo lá todos os fins-de-semana para vir para o Porto.
Boa sorte para todos
na questão "O seu executivo tem apoiado a cultura e as colectividades locais?"
ResponderEliminaro sr. presidente disse "... este executivo traçou no seu percurso o apoio a todas as colectividades da freguesia... Não podemos apoiar colectividades que não tenham rentabilidade. Em cada projecto que nos seja apresentado temos o cuidado de o analisar para podermos, se tivermos disponibilidade apoia-lo, é essa a nossa obrigação apoiar com mais ou menos força..."
É mentira que a junta de freguesia esteja a apoiat todas as associações ou então diga qual é o apoio que já deu no seu mandato associação cultural, desportiva e social de jou. fale verdade e com honestidade
parabéns pelo site
é bom termos um presidente que fala sem tabús
ResponderEliminarÉ bom saber que Jou está bem vivo e que há gente que se esforça para isso aconteça. Parabéns caros conterrâneos!...
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