Também eu se rememoro, sinto tais lugares com o coração e me sinto inseguro e trapalhão no entendimento.
Visto da Tapada, Penabeice, é presépio que eu contemplei. Naquele lugar, miradouro, era buscado um altinho de onde os rapazes, em tempos antigos, faziam com voz,-soprada em grande funil-, grave e roufenha casamentos. Caminhavam na noite, do Banho, Nobainho e Rio e, na Cruz seguiam em frente. Aproximavam-se em silêncio, perscrutavam o casario ouviam os silêncios e os ruídos da noite e, Prontos!?
Rasgavam a noite com vozes, de chamamento pergunta e remate, para espanto dos assediados que ouviam com alegria e apetite: punham-se à escuta, elas e eles, a identificar vozes entre sorrisos, por vezes de morder os lábios. Naqueles tempos a juventude, do lugar, era um cardume em vaivém, que subia e descia ao rio e, aos domingos, trilhava caminhos de missa em romaria…
Se na juventude banhei o corpo, desnudo, naquele rio, ensopei a alma naqueles lugares. Ainda hoje estou apaixonado.
…!...
“Curres”
Curros é encosta de serra, é ribeiro, é rio, é baixio, é veiga, é vale, é verdura de lameiros, é campos de milho, é moreira centenária, era ponte de madeira a ligar os bairros, era pão de milho com sardinhas… era nomes que minha mãe dizia, gente que tal como eu viveu. Vive, amou e sofreu.
A dor foi, e é, mestre do meu coração-consciência.
O velho caminho de Curros foi, por mim, tateado vezes sem conta, com a sola dos pés descalços, em garoto. Ainda hoje sinto a terra do caminho e do atalho: se na Seixeira o terreno era bravio, no Vale era macio e, chegado lá, se fosse Verão, caminhar na água, do rio, em baixios e de pedra em pedra, era frescura.
Ficava imóvel a conquistar a confiança dos peixes, crianças minhas amigas, também sem pais por perto, até que viessem brincar: dar turrinhas, de toca e foge, de graciosidade e cócegas mordiscadas. Ficava horas à espera da minha mãe que ali me tinha deixado enquanto ela calcorreava, na venda, Cabanas, Tazém e outras terras que eu não sabia….
As gentes sabiam-me por ali e penso que deitavam um olho protetor. Bem ajam! Paz à alma de todos quantos cuidaram. “O divino Espírito santo!”
Se o sol se fosse sem que minha mãe viesse eu ia, cumprindo ordens, para casa da senhora Adília onde o pão de milho, dádiva, e as sardinhas, que minha mãe deixara, me tiravam a cegueira da fome. Paz à alma de todas as mães e lembro esta minha mãe adotiva.
Aos leitores peço desculpa pela pessoalização, de partes, desta prosa, mas ainda não há como fugir ao que nos fez.
Por tudo isto e, pela beleza do percurso, eu, se ai estivesse iria. E, quem não for perde.
DSLC
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